quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Endymion (trecho)

O que é belo há de ser eternamente 
Uma alegria, e há de seguir presente. 
Não morre; onde quer que a vida breve 
Nos leve, há de nos dar um sono leve, 
Cheio de sonhos e de calmo alento. 
Assim, cabe tecer cada momento 
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras, 
Das nossas tristes aflições escuras, 
Das duras dores. Sim, ainda que rara, 
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão 
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão 
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos 
Que refrescam, e o bálsamo da aragem 
Que ameniza o calor; musgo, folhagem, 
Campos, aromas, flores, grãos, sementes, 
E a grandeza do fim que aos imponentes 
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória: 
Fonte sem fim dessa imortal bebida 
Que vem do céus e alenta a nossa vida.

John Keats

Um comentário:

Anônimo disse...

Edson, parabéns pelo blog. Caso queira, visite-me no www.espacointertextual.blogspot.com