terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um Velho

No meio do café barulhento, debruçado 
sobre a mesa, um velho está sentado; 
com um jornal a sua frente, sem companhia
E no desdém de sua velhice mísera de agora 
pensa quão pouco aproveitou os anos de outrora 
em que tinha fluência, e beleza, e energia.


Percebe que envelheceu muito; sente, conhece. 
E contudo o tempo em que era jovem lhe parece 
ontem. Como o tempo passa, como o tempo passa!


E pensa em como a Prudência o enganou; 
e como - que loucura! - sempre lhe acreditou 
quando dizia; "Amanhã. Há tempo." - Que trapaça!


Lembra ímpetos que segurou; felicidade, 
quanta sacrificou. Cada oportunidade 
perdida de seu saber insensato graceja.


Mas de tanto refletir e recordar 
o velho tonteou. E agora dorme a sonhar 
no café recostado sobre a mesa.  


Konstantinus Kavafis (1897)

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